Produção de vídeo em tempos de crise

Sim, o bicho ainda não foi embora.
Sim, há uma guerra no Leste da Europa.
Sim, as consequências económicas e sociais sentem-se um pouco por todo o lado.

Qual o papel das marcas no meio disto tudo?
A comunicação continua a fazer sentido?

1 – Deixar de comunicar é morrer

Ou quase.

Compreensivelmente, o investimento em comunicação tende a ficar para trás quando surgem os alarmes. É claro que ninguém vai preferir fazer vídeos a pagar salários (ou encher o depósito).

Mas quando pensamos no contexto que atravessamos, é fácil concluir que as pessoas estão cada vez mais afastadas umas das outras, alarmadas, assustadas.
E o contacto entre pessoas e marcas não é excepção.

Todos os anos ouvimos falar que “este é que é o ano das marcas se tornarem mais pessoais”.

Talvez seja hora de deixar de ser uma tendência e passar à prática.
De abraçar esta oportunidade única de chegar às pessoas e conectar com elas (ou até reconfortá-las). Sejam elas clientes, consumidores, fãs ou seguidores.

O que acontece quando deixamos de regar uma planta?

pink and white flowers in blue ceramic vase

2 – O que aprendemos com a pandemia

Se aprendemos uma coisa com a pandemia, é que as marcas querem verdadeiramente responder a problemas reais e preocupações das pessoas.
E que conseguem ser extremamente resilientes e adaptáveis.

Ser relevante (ou continuar a sê-lo) nunca foi tão importante.

– o que é as pessoas precisam de saber para confiar na minha marca?
– o que as preocupa?
– como podemos melhorar a sua vida?
– como podemos continuar a chegar até às pessoas mesmo em cenários de adversidade?

Por exemplo, nesta Campanha para o Metropolitano de Lisboa, mostrámos que este é um transporte seguro e higiénico, uma das preocupações que as pessoas mais tinham quando a pandemia surgiu.

Ou neste vídeo para a Xpandit, mostrámos como é que a empresa valoriza e procura sempre manter-se próxima dos seus colaboradores, mesmo quando não era fisicamente possível estarem juntos como dantes.

E temos ainda o exemplo da Ciência Viva, que contornou os desafios das visitas a museus como o Pavilhão do Conhecimento, para transformar as suas visitas presenciais em visitas virtuais.

3 – E se tiver menos água para regar a planta?
aka “Tenho limitações de budget”

Lamento. Nada feito.
Estamos a brincar.

Continuam a haver soluções para contar histórias (mal de nós se não houvesse!). Quem nos conhece sabe que aceitamos um bom desafio.

Nem sempre estão reunidas as condições ideais. E quando isso acontece, podemos recorrer a uma ou várias soluções:

– rentabilizar horas/dias de filmagens
– vídeo de banco
– motion graphics
– criatividade

a) Rentabilizar horas/dias de filmagens e encurtar o vídeo

Esta é a dica mais straightforward e prática.

Podemos conjugar várias filmagens no mesmo dia?
Conseguimos aproveitar uma deslocação para filmar em várias cidades de forma sequencial em vez de voltar à base e ir várias vezes?

Por vezes, um bom planeamento dos trabalhos, ajudam-nos a optimizar também os custos, sem que a qualidade do projecto final seja afectada.

Outra boa possibilidade é fazer um vídeo mais curto, o que poderá necessitar menos tempo de edição. Nestas coisas do vídeo, menos costuma ser mais.

b) Vídeo de banco

Um vídeo com base em vídeos de banco não é das coisas mais sexies. Não é.
Basicamente é fazer um vídeo com planos que qualquer pessoa pode comprar online. Tem os seus handicaps:

Hide The Pain Harold | Know Your Meme

Mas com a narrativa certa, uma boa selecção de vídeos, e alguns truques na manga – o resultado pode ficar bem interessante (se feito por uma equipa experiente e profissional, wink wink).

c) Motion graphics

A animação, ou o motion graphics, se quisermos parecer mais letrados, é outra das boas opções para criar conteúdos, dentro de uma determinada limitação de budget.

Particularmente interessante para transmitir conceitos complexos, ou que não sejam facilmente filmáveis, como por exemplo meter um rolo de sushi numa comissão de inquérito no parlamento.

Aqui o diferencial está principalmente na relação investimento-resultado final. Como os elementos são desenhados e animados de raiz, a margem criativa é bastante grande. E o resultado final irá certamente conquistar a audiência.

d) Criatividade

A criatividade é aquele canivete Suíço que tanto pode originar produções complexas (o céu é o limite), como pode ajudar a resolver limitações, sejam elas orçamentais ou até temporais (“o vídeo é para ontem”).

Não é verdade que um vídeo bom tenha que ser dispendioso.
Basta, por exemplo, trabalhar com pressupostos mais simples e os resultados podem continuar a ser bem eficazes.

Por exemplo, nesta Campanha para a Agência Abreu, optámos por uma produção mais simples (um actor, um cenário, um plano) e isso permitiu-nos fazer vários vídeos em vez de investir todas as fichas num único vídeo. E não foi por isso que os vídeos ficaram prejudicados, muito pelo contrário.

Resumindo

Parar é morrer, como se costuma dizer.
E parar de comunicar é tão mau como parar de ter hábitos saudáveis.

Sabemos que os tempos são difíceis.
Mas enquanto houver estrada para andar (e enquanto restar combustível)..

Estamos por aqui!
À distância de um email ou reunião!

Até já.